Peguei o ônibus errado
(De novo)
Desci naquela velha praça
Que não é bonita
Mas tem uma biblioteca antiga que eu gosto de olhar.
Era cedo
O ar cheirava a óleo e pastel com "refri "por R$2,50
Eu tinha a pressa de quem carrega livros
E pouco mais de duas décadas.
Me distraio com gente
E acabo sabendo apenas por observar
Pessoas comprando e vendendo mercadorias
(Talvez,almas)
Pessoas paradas em paradas onde ônibus não param
Ninguém para.
Caminho mais depressa, tentando alcançar o ônibus que parou no lugar errado
Entro
E escrevo meu pequeno texto
Num recibo de supermercado.
Escrevo logo, senão esqueço
Assim, evito problema
Posso até perder um amigo
Mas não perco um bom poema.
sexta-feira, 23 de maio de 2014
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Perdas
Existem coisas na vida que você não pode escolher. E existem coisas que você não pode evitar ou mudar - A perda é uma delas.
Eu não falo de perder o ônibus e ter que esperar mais quinze minutos,ou perder uma festa, o livro preferido ou qualquer material de que se goste. Eu falo da perda de vida. De gente. A perda eterna de alguém que se ama.
E diante disso,não há sinfonia de Beethoven. Não há Cirque du Soleil. Não há pinturas de Picasso nem poemas do Drummond. Não há abraços,mãos ou palavras que tragam alegria. Não. há. nada.
Diante da perda só há o tempo,que não cura, mas torna a dor suportável. Por mais forte que possamos ser,existe sempre alguma coisa que quebra a gente. E o que nos resta é o trabalho de colar os cacos.
A verdade é que muita gente vive quebrada por aí,mas ninguém nota. Muita gente carrega uma dor elegante e ninguém vê porque talvez seja um pouco mais fácil não se importar ou se colocar no lugar do outro.
Eu também guardo saudade e me pego criando um vazio que nunca acaba. Percebendo que a gente é pouco,mas tão pouco,que qualquer vento pequeno carrega nossa existência e nos reduz a nada.
Percebendo que quem inventou essa história de se achar superior,já nem existe mais.
A verdade é que somos todos pó,voltando pra casa.
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